Recentemente tem sido divulgadas
notícias a respeito de um jogo com consequências muito sérias, o chamado “Baleia
Azul (Blue Whale)”. Não se trata de um jogo eletrônico de vídeo game. Ele
acontece virtualmente pela internet por redes sociais e por programas de
bate-papo. Nele são fornecidos vários desafios pelos chamados “Curadores”,
pessoas que pressionam os envolvidos para que, entre alguns desafios, machuquem
a si mesmos. Ao final deste (terrível) jogo o participante teria, então, que
cometer suicídio. Esse assunto é extremamente sério e delicado, e extremamente
importante que seja feito o alerta, principalmente aos pais: fiquem atentos aos
seus filhos, pois tem atingido crianças e adolescentes. E é necessário abrirmos
um espaço para falarmos de tudo que possa ajudar às pessoas a não cometerem tal
ato contra si mesmas, o que vale para todas as pessoas, independente de suas
idades.
Durante minha pesquisa sobre a matéria, me deparei com o seguinte comentário de um leitor: “Não sei quem é mais babaca, o curador [...] ou o jogador que se sujeita a uma abominação desta [o suicídio]”. E confesso ter ficado surpreendido e mesmo indignado com tal posicionamento frente a algo tão delicado quanto o sofrimento de alguém que acaba por se suicidar. É preciso parar de pensar como esse leitor e dar à devida importância a angústia das pessoas. Não entender porque o outro sofre não lhe dá o direito de fazer pouco de seu sofrimento. Outro comentário a respeito de como resolver a situação foi: “Fácil! É só tirar o celular das crianças”. Quem acredita nisso está acreditando numa pura fantasia de uma resolução pouco efetiva e mesmo falha. Está tocando a superfície do problema. É necessário abrir espaço para o diálogo, informar, saber o que se passa, por que se interessou, por que se envolveu. É preciso conversar a respeito, falar com as crianças e adolescentes que, caso precisem, podem pedir ajuda e que é possível fazer algo contra tanto o seu sofrimento quanto contra esse jogo. Quando falo que é tocar na superfície quando se tira o celular de uma criança, digo no sentido de não levar em consideração justamente um percurso do sofrimento existente. É como desviar os olhos para o que está acontecendo já há um tempo. A pessoa provavelmente continuará sofrendo, mesmo não tendo mais o celular. Suas questões continuarão a lhe martelar o pensamento enquanto eles não são direcionados para um acolhimento e tratamento adequados.
Por isso, fique atento com sinais de autoagressão, com cortes, e como tem estado o humor das pessoas próximas a você. Importante reforçar que crianças e adolescentes, até onde fui com minha pesquisa, são as que mais têm sido atingidas por esse jogo. Seja para você ou para alguém que precisa de ajuda, procure um psicólogo para dar inicio a uma psicoterapia: um lugar de acolhimento e trabalho sobre a angústia. Se for necessário, também a um psiquiatra para dar inicio a um tratamento controlado com remédios. É preciso lidarmos com esse tabu que infelizmente ainda circula na sociedade, associando à pessoas “fracas” aquelas que utilizam tais serviços. Elas NÃO são fracas. E se você reforça tais ideias, não está levando a sério o que poderia ajudar a salvar a vida de alguém e mesmo mudar a vida positivamente dessas pessoas.
Existem universidades que oferecem psicoterapia gratuita ou com preço social em diversos lugares. Existem psicólogos que reduzem seus valores de serviço caso a pessoa não possa bancar financeiramente outro valor. Procure alguma instituição próxima a você, planos de Saúde, o SUS, clínicas. Caso precise de um atendimento emergencial, entre em contato com o CVV (Centro de Valorização da Vida). São pessoas capacitadas para atendimento 24h, inclusive online, para acolher o sofrimento de pessoas que pensam em cometer suicídio. Procure apoio. Ofereça apoio.
E por favor, compartilhe esse texto para informar mais pessoas a respeito dessa situação.
Autor
Psicólogo LeandroWinter - CRP 08/19708
Site do CVV = http://www.cvv.org.br/
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