Algo muito
comum de se ouvir dos pacientes nos consultórios é uma preocupação em serem
considerados “loucos”. A palavra “louco” acaba sempre se encaixando em alguma
frase para expressar essa dúvida de um estado de saúde, o que é claro é uma
preocupação válida para todos os que querem realizar a manutenção do seu bem
estar pessoal. Mas esse termo carrega um grande estigma que gera medo nas
pessoas, medo do que representa ser um louco e com isso receber os olhares de
deboches de outras pessoas, e esse medo muitas vezes vem erroneamente com o
julgamento: “Não sou louco para precisar de um psicólogo!”.
No dia a
dia dos atendimentos, em momentos durante a conversa com amigos e familiares,
essa expressão volta a aparecer, muitas vezes com uma risada maliciosa e um tom
de diminuição da importância que é saber do que de fato se trata essa loucura.
Não é a toa que muitas pessoas, pelo senso comum do que esse termo lhes
representa, carregado de tantas ironias, sacarmos, alienação, podem enxergar na
psicoterapia um lugar de representação de fraqueza, de estado para além do
normal, de vergonha e até mesmo humilhação. Sendo inadmissível estar nessa
situação! Mas no final das contas, uma palavra já escrita aqui representa muito
bem o que são esses sujeitos. Não, e não é a palavra “loucos”! É a palavra
alienação; são pessoas alienadas do que uma psicoterapia pode lhes oferecer e
qual é sua real situação em uma sessão: a de ser um paciente em busca de algum
grau de reflexão na luta contra sua angústia. O que significa basicamente a
falta de conhecimento concreto para se referir das necessidades de uma
psicoterapia de forma verdadeiramente válida.
Quem
procura psicoterapia está demonstrando fraqueza? Não! Está demonstrando coragem
em explorar suas questões pessoais, sejam para que direção essas questões levem
o paciente. Uma pessoa que faz análise ou qualquer tipo de acompanhamento
psicológico é louca? Não! Loucura não é isso, loucura ao nível de conhecimento
popular, como um paralelo aos birutas, aos tantãs, aos que devem usar camiseta
de força, essa concepção não se encaixa no contexto real de sua expressão de
hoje em dia, esse entendimento vago representa alguma coisa para a sociedade,
mas que a própria sociedade não sabe do que se trata, como a palavra
“Recalque”, traduzida erroneamente pelo senso comum como um sinônimo de inveja.
A loucura
era vista antigamente, em épocas de sanatórios, manicômios e no avanço da
medicina psiquiátrica, como um estado que não se compreendia muito bem, como
por exemplo a esquizofrenia, às paranoias, às alucinações, os delírios. Pela
falta de compreensão daquilo que se estava lidando, esse termo cresceu sobre
atitudes que não eram compreensíveis e pareciam andar na contração da razão. Popularizou-se
e é empregado até os dias de hoje nesse sentido de ser algo que não razão. Mas
não cabe mais que deixemos sua significação representar um retrocesso do que
hoje pode ser realizado para ajudar as pessoas a atingirem um estado mais saudável,
quando buscam um acompanhamento psicológico.
A
psicoterapia só trata de pessoas, e é isso e ponto! Quem trás os rótulos são
muitas vezes as próprias pessoas que já fazem seu diagnóstico do que se passa
com elas. Se existe um estado de desequilíbrio mental, na medicina e na
psicologia de hoje, podemos dizer se tratar de distúrbios mentais e transtornos,
não de loucuras. Mas isso já fica para outro texto.
Por Leandro Winter
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