Talvez essa seja uma dúvida comum para
algumas pessoas. Esses dizeres “Fui encaminhado para um psiquiatra”, “Vou ao psicólogo”, “Na clínica que
trabalho tem um psicanalista”, etc. podem aparecer vindo de algum conhecido ou
familiar. Mas como podemos diferenciar essas profissões? Então vamos lá! Talvez
isso lhe ajude a entender melhor do que se trata.
De inicio
já dizemos que o psiquiatra é um médico.
Para se formar em psiquiatria, o estudante faz o curso básico de medicina
e posteriormente realiza uma especialização ou residência na área para se formar
como tal. Dentro desse campo o profissional em psiquiatria está munido, entre algumas
de suas ferramentas, de dois manuais em que são descritos as patologias e os
transtornos psíquicos dos seres humanos. Existem dois manuais, o DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais) e o CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados com a Saúde), este último usado mundialmente e o mais
empregado no Brasil. Ou seja, o psiquiatra trata da saúde mental pelos estudos
das perturbações mentais. Quem já recebeu algum diagnóstico desse profissional
já deve ter reparado que existe um código que “define” ou “classifica” o quadro
de saúde da pessoa. Sim, é desse manual. O psiquiatra receita remédios, solicita
exames, dá prescrições e pode oferecer atestados. É importante colocar que
alguns médicos podem ser psicanalistas,
e, em consequência, eles podem realizar psicoterapias – ou seja, psiquiatras com
formação complementar podem exercer a psicoterapia.
E o que é o psicanalista? Essa profissão no Brasil é um pouco
diferente em comparação a outras profissões no sentido de registro. Ela não
possui um registro de categoria como um CRP, para um psicólogo, um CRM, para um
médico, um OAB para um Advogado etc . Ou seja, não é uma profissão
regulamentada, mas é reconhecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego, e por
isso o profissional pode exercer suas atividades normalmente. Então qualquer
pessoa pode ser um psicanalista? Sim, qualquer pessoa pode ser um, mas isso não
quer dizer que seja algo fácil e muito menos simples. Um psicanalista, que
também é conhecido como analista, se forma através de três pilares centrais:
análise pessoal, estudos supervisionados e realização da prática
psicoterapêutica. E quanto tempo se leva para virar um psicanalista/analista?
Isso é o ponto muito importante. Não existe um tempo estimado. Mas
provavelmente não será menos do que uma formação como psicólogo. Para ser um analista
já dizia Jacques Lacan – um dos grandes autores que reviveram a teoria psicanalítica
de Sigmund Freud – “O analista se autoriza de si
mesmo e de alguns outros”. Estarei sendo muito simplificado em explicar que isso não quer dizer
que agora qualquer um que queira ser é por dizer “Ah! Então eu me autorizo a
ser um!”. Não! Vai muito além disso. Não é o Eu que se autoria. É uma autorização
de “si mesmo”. Mas isso fica para outro momento. Bem, quanto a esse “alguns
outros”, podemos supor, por exemplo, serem membros de uma instituição de
formação de analistas, do analista do estudante. Enfim, existem associações que
formam psicanalistas/analistas, e alguns médicos ou outros profissionais de
outras áreas podem se filiar e começar sua jornada para se tornar um. Um
psicanalista não é um psicólogo e nem um médico, mas pode estudar para se
tornar. Um psicanalista/analista é um psicoterapeuta.
Um psicólogo é quem fez a graduação de psicologia no tempo de 5
(cinco) anos em uma instituição regular. Nem todo psicólogo é psicanalista, mas
pode ser caso faça formação para analista. Nem todo psicólogo é psicoterapeuta,
porque na psicologia existem muitas áreas de atuação. Por exemplo, a área
organizacional. Quantos psicólogos você já conheceu num processo seletivo para
uma vaga de emprego? Imagino que pelo menos um. Existem outras áreas de atuação,
como por exemplo a área da psicologia social, do marketing, do esporte, jurídica,
escolar e hospitalar... Existem vários linhas de pensamento teórico quando o
psicólogo decide por ser psicoterapeuta. Fora a psicanálise, existem campos
como a comportamental (ou behaviorismo), a cognitivo-comportamental, a
fenomenologia, a logoterapia, a psicologia junguiana, psicodrama... Essas são
algumas dessas possíveis teorias. Você pode até se perguntar “Mas qual é a
melhor para mim?”, e a resposta é simples. É a que você mais se identifica e se
sente bem em experimentar. Toda a teoria do pensamento psíquico em psicologia
tem como objetivo acolher o sujeito e apresentar uma forma de lidar com suas
questões pessoais, ajudando a diminuir sua angústia. Todas tem o mesmo fim: auxiliar
no bem-estar da pessoa.
Ainda que tenha descrito de uma
forma mais objetiva, espero que tenha lhe trazido alguma clareza ou mesmo
perguntas que despertem um desejo de saber mais.
Por Leandro Winter
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