Quando o assunto é ideação suicida (pensamentos
de não querer viver mais; planejamento e vontade de realizar o suicídio etc)
ainda enfrentamos um tabu social. Às pessoas não costumam discutir sobre isso,
muitas vezes dando pouco valor ao fato de alguém pensar em cometer algum ato
contra si mesmo. Existe uma falta de acolhimento adequado das pessoas em lidar
com esse assunto. E algumas vezes aquela grande tristeza, aquela vontade de se
isolar, aquela depressão é vista com um olhar de “Não se preocupe! Deixe de
pensar sobre essas besteiras”. Existe ainda aquele tipo de comentário que é
agressivo, que essa ideação é “Querer chamar a atenção!”, e tantas outras falas
que não ajudam de nada quem esta precisando ter o seu sofrimento acolhido por
alguém. Querer que a pessoa que não quer mais viver deixe de pensar aquilo que
a aflige não é nada efetivo. Na verdade comentários assim são a pior coisa para
ela naquele momento. O que ela está precisando é que alguém a ajude a entender
porque sofre, e não ter o seu sofrimento calado. Na verdade muitas pessoas
podem acabar dizendo coisas sem a sensibilidade adequada para aquele momento justamente
porque não dão conta de lidar com esse tipo de situação. Muitas vezes estão preocupadas,
mas tudo o que parecem poder dizer é “pare de pensar nisso, vai melhorar”.
Do outro lado da
história, quem está pensando em cometer suicídio pede, por exemplo, com demonstrações
de autoagressão, depreciação acentuada sobre si, pensamentos se alguém vai
sentir a sua falta etc, justamente por ajuda. É muitas vezes um grito de
socorro silencioso. E nesses momentos os familiares, amigos ou pessoas próximas
podem fazer alguma coisa por ela. Ter alguém que acolha esse sofrimento já é um
inicio extremamente importante. É valorizar um espaço para que a pessoa possa
desabafar e contar o que acontece com ela, e muito mais importante ainda é
ouvir o que ela tem a dizer de forma respeitosa e atenciosa. Partir ao ato de
se suicidar (sair da ideação para a realização) não se trata de um desejo de
não estar mais vivo, mais sim de não mais ter que lidar com aquele sofrimento
que não encontrou outra forma de se suportar. E existem meios, ferramentas para se lidar com aquilo que angustia o indivíduo.
Tornasse extremamente importante avaliar o
encaminhamento para profissionais da saúde para que possa haver um
acolhimento mais estruturado desses casos – não desmerecendo as ajudas que
possam vir de outras fontes, como amigos e familiares. Precisar de um psicólogo
e de um psiquiatra é necessário em casos de risco, e de fato salva muitas
vidas. Pensar que, segundo dados do Centro de Valorização da Vida (CVV), uma pessoa
morre a cada 45 minutos no Brasil por suicídio é apontar que existem muitas
pessoas que estão precisando de ajuda. Assim, vale lembrar que um psiquiatra
entra no tratamento mais focado no fisiológico. Dependendo do quanto à pessoa
já vem sofrendo de um conjunto de emoções e com os motivos que a façam se
sentir mal, tornasse necessário o uso de fármacos para a estabilização do humor.
Já o apoio psicológico entra com o tratamento ao nível psíquico. Um auxilia a
estabilizar o bem-estar fisiológico, o outro visa uma exploração e
identificação do que faz a pessoa sofrer. Ainda existe a possibilidade de um
atendimento mais urgente realizado pelo Centro de
Valorização da Vida, onde pessoas treinadas podem oferecer suporte emergencial.
É importante ainda
dizer que muitas pessoas que possuem um sofrimento, seja ele de qual
intensidade for, temem serem julgadas quando procuram por ajuda. Pensam estarem
“loucas”, e isso se torna um impedimento para que procurem apoio profissional.
Mas não existe loucura em querer preservar o próprio bem-estar. Em querer ficar
bem. Ainda que a campanha de prevenção e informação sobre o suicídio aconteça
em setembro, esse risco não tem data para acontecer.
Por Leandro Winter.
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