A psicologia oferece muitos campos de estudos. Além da clínica,
existem áreas como, por exemplo, a psicologia do esporte, psicologia jurídica e
hospitalar. Mas dentro da clínica também existem linhas de estudos
psicoterapêuticos diferentes, mas nem todo mundo sabe disso. Talvez você já tenha ouvido falar de
psicólogo comportamental, ou que segue a linha teórica junguiana, fenomenologia
ou sistêmica. Ou mesmo outras que existam. E a psicanálise é uma das
possibilidades de psicoterapia. Assim como as outras, ela também procura
investigar o que angústia o sujeito e espera que com isso ele venha a se
angustiar menos com suas questões pessoais e, talvez, encontrar uma nova forma
de ver a si mesmo com o que está ao alcance do seu desejo.
A primeira coisa que fica mais
evidente quando se fala desse assunto é associar a psicanálise a Freud, que é
um conhecimento geral da sociedade, mas que vai muito mais além dos estudos.
Grandes escritores, como Jacques Lacan
e Jacques-Alair Miller, não nos
deixam pensar diferentes. Foi Sigmund Freud
quem desenvolveu a psicanálise, tendo como um dos seus alicerces teóricos
principais a teoria do Complexo de Édipo.
Mas isso é importante de se saber para se procurar uma psicoterapia? De foram
alguma! Quem procura auxilio de um psicólogo ou psicanalista não precisa saber
o que diferencia uma abordagem da outra, a não ser que o conhecimento dessa
teoria lhe seja um de seus critérios de escolha para iniciar seu caminho de
exploração em si mesmo, como acontece para alguns estudantes de graduação em
psicologia.
Um outro ponto muito comum da
psicanálise é o famoso divã, que é utilizado em determinada altura da análise
(ou psicoterapia se preferir). É o modelo clássico em que vemos o psicanalista
numa poltrona, e seu paciente deitado no divã, de costas para ele, longe do
encontro de seus olhares. Existem muitas imagens (charges, tirinhas) de
psicanalistas com blocos de notas na mão enquanto seus pacientes falam, mas
isso é um conceito fantasioso ao meu ver. Parece-me difícil que um psicanalista
irá se colocar nessa condição de estar anotando o que o paciente fala no
momento da análise, o que é por si só um impedimento para que a psicanálise
funcione como ela se propõe, que é ter uma atenção naquilo falado para poder se
fazer “ouvir” o inconsciente. Existem psicoterapeutas que utilizam, mas isso é
uma forma de cada profissional trabalhar.
Na psicanálise existe uma “regra
fundamental” a ser estabelecida com o paciente durante todo o processo do
tratamento, que é a Associação Livre.
A “associação livre” é um pedido simples de que o paciente fale, sem se
censurar, sem se recriminar, sem se importar com a linha lógica de seus
pensamentos, qualquer coisa que esteja lhe vindo à mente, como que autorizando
a si mesmo a falar o que pensa sem medo de recriminações e críticas, sejam suas
mesmo ou do analista. E sobre tudo, dizer aquilo que teme dizer ou receia não
ter relevância para a conversa com o psicanalista. Especialmente quando se
refere a elementos dos sonhos. Claro que essa forma é muito similar a vários
tipos de psicoterapias, o que difere da psicanálise é que o foco dessa é, como
disse já, fazer ouvir o inconsciente naquilo que se fala.
Basicamente a existência desses
dois elementos, o divã e a associação livre, tornam a psicanálise, psicanálise.
Um analista, que pode ser entendido como
sinônimo de psicanalista clínico, busca trabalhar o matéria do discurso apresentado
pelo paciente. Diferente do que se fantasia sobre essa abordagem, o
profissional não irá lhe falar “Entendo que você tenha esse problema hoje em
dia, mas me fale da sua infância!”. Não! Ele irá tratar e ouvir tudo o que o
paciente queira trazer nas sessões, seja sobre o passado, presente ou futuro que
incomode. Pois quem produz o assunto de uma análise é sempre o paciente, também
chamado de analisando.
Autor do Artigo
Leandro Winter
Leandro Winter
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