Uma vez que
estejamos conectados em uma rede virtual – por meio de diversos sistemas de
comunicação e de relacionamento, como por exemplo Facebook e Twitter, e em
vista da divulgação maçante de informações da vida pessoal nessas redes – não é
difícil nos depararmos com términos de relacionamentos. Sejam de familiares ou
de amizades, ou ainda conhecidos, em algum momento acabamos lendo aquelas
mensagem às vezes com tom de indireta, às vezes com direta mesmo: “É, não deu”.
Mas também pode acontecer desse término chegar até nós, quando nos deparamos
numa dessas esquinas do labirinto da vida.
Existe um
investimento de grande energia para que um relacionamento amoroso dê certo. Empregasse muito
tempo de sedução, de conquista, de manutenção. Esperasse que em algum momento o
caminho dos afetos com aquela pessoal especial irá seguir o mesmo que o seu, e
talvez possam viver juntos o sonho de amor companheiro. Sabemos que uma relação
mais plena se dá por bases mais firmes do que a mera fantasia de uma paixão
explosiva, possessiva e idealizada. O fato é que, mesmo que exista uma harmonia
entre o que cada um quer, consigam discutir e apresentar seus argumentos, em
alguns casos simplesmente não dá certo e a relação termina. Talvez nesse
momento aconteça um choque onde aquele “felizes para sempre” acaba se
confrontando com a realidade de que existe algo além da fantasia de um
relacionamento perfeito: o fim sempre foi possível.
Quando um
relacionamento acaba, despertasse um sofrimento evidente e doloroso. Quando o
envolvimento entre as pessoas é de grande afeto, percorre-se um longo tempo até
que tenha se passado esse sofrer (ou às vezes um pouco dele). O objeto amado
está perdido. É quase como a perda de uma pessoa via morte. O sujeito precisa
passar pelo processo de luto, o luto do relacionamento. Mas diferente da morte,
quando o objeto de amor não existe mais fisicamente, quando ocorre à separação
na relação ele está perdido (esse laço entre dois seres). E é interessante que,
lá no fundo não se entende muito bem porque se sofre tanto, como se não soubéssemos
bem o que se perdeu com o fim de uma relação, ainda que se saiba quem se tenha
perdido. É perda de um ideal... mais do que a perda de um ideal, é a perda de
parte de si mesmo que o outro leva. Nossas projeções. É a perda do investimento
que se tinha sobre o próprio eu, os sonhos e planos, que se perde em meio ao
“Adeus” desse outro que se vai, muitas vezes sem nunca mais se saber sobre.
Apenas para
esclarecimento teórico – da psicanalítica –, o conceito de “objeto” aqui
empregado não se trata de uma apresentação materialista; representativa de pose;
poder sobre algo, etc. Não. Trata-se de um representante do mundo exterior, que
não é fixo (variável) e é substituível. Nesse sentido que emprego aqui a
expressão de objeto amoroso.
Por fim, o
sofrimento pode continuar presente durante um longo tempo desde que se rompeu
uma relação, ainda que um novo objeto amoroso tenha sido escolhido ou esteja
presente. É difícil de entender bem porque se ama. É um enigma pouco esclarecido
que norteia nossas vidas. Mas lidar com cada dia após o outro poderá oferecer
novas possibilidades para quem se permite a si mesmo encontrá-las. E essa lição
é apresentada constantemente em filmes, poemas, músicas... Para lembrar, por
exemplo, temos no filme Náufrago, de 2000, a frase do personagem de Tom Hanks,
depois de concluir que tinha perdido seu amor pela segunda vez: “E eu sei o que
tenho que fazer agora. Eu vou continuar respirando, porque amanhã o sol vai
nascer, e quem sabe o que a maré vai me trazer”. O fim de uma relação não é o
fim das possibilidades de relacionamento. Pelo contrário. Pode ser visto
justamente como uma chance para uma novidade.
Autor do Artigo
Leandro Winter
Leandro Winter
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