Por que fazer psicoterapia? Enfrentando monstros!



                  Curiosamente a psicoterapia, análise ou do que quer que você queira chamar, parece ser um monstro de 7 cabeças para algumas pessoas, um ser terrível que se destina aos aventureiros, quando estes chegam ao fim de sua jornada como herói em terras longínquas. Quando não há mais escapatórias para o desfecho com o vilão que destrói vilas e rapta inocentes. Nesse momento, quando com espada e escudo em mãos, o aventureiro ou a aventureira, também com uma boa dose de coração, parte para o momento final de sua aventura (pelo menos dentro de uma fábula), apresenta-se então a chamada Grande Batalha, descrita em milhares de pergaminhos e profetizada por inúmeros sábios! Durante sua jornada muitos desafios virão antes que o maior de todos apareça. Mas é necessário. Chegasse o momento e enfrentasse o “Sete Cabeças”, o terrível vilão que se apresenta como a própria encarnação do caos. Mas não é muito difícil de supor que o (a) protagonista se sobressai as dificuldades e derrota o monstro, para assim instalar novamente uma paz duradoura no reino, e todos aqueles clichês que se conhecem bem. Mas e fora das fantasias (pelo menos quanto aos contos de fadas)? Fora das fantasias parece que o monstro se trata, quando se procura ajuda, por vezes do próprio psicólogo clínico.
                Não raramente os pacientes buscam um atendimento ao exaurirem todas as suas outras possibilidades. Talvez comecem com concelhos de amigos, depois idas a médicos, fazendo meditação, participando de alguma religião, procurando técnicas alternativas (não necessariamente nesta ordem) para, por fim, decidir: É, preciso de um psicólogo. Cada uma das opções citadas, a sua maneira, tem seu valor. Mas qual o valor dado para a psicologia? Trata-se de uma área que se tenta “curar” pela via da palavra, com base no dito e no não dito. E como isso poderia ser possível? Talvez alguns desacreditem imensamente da psicologia, chamando-a de uma “não ciência”. Se ela não é, e não vou entrar no mérito da discussão (pois esse não é o ponto deste texto), seria então, como dizem “Por A mais B”, que não se deve dar valor a ela? Nesse caso, tudo aquilo que não é ciência não tem valor? Se assim for, que limitados nós somos! E ao mesmo tempo prisioneiros das “certezas” do homem. E ainda por cima, certezas que muitas vezes são incertezas até que se modifique o status por um novo saber. Pois, afinal, a ciência é um constante expandir de conhecimento sobre regras que podem vir a ser reproduzidas e que ditam o mundo de alguma forma (pensei em dizer universo, mas não se sabe bem como certas coisas do universo funcionam, como o Buraco Negro e a Matéria Escura).  A ciência trabalha em meio à incerteza, e é necessário trabalhar com as dúvidas para se chegar a algum saber mais concreto dos procedimentos daquilo que existe. As dúvidas são sempre importantes. É só vermos pela história da humanidade que são por conta delas que se desdobraram incríveis descobertas, para que se apresente uma resposta sobre o porquê de muitas coisas! Basta assistirmos um documentário, como Cosmos, para aprendermos que hoje temos tanta tecnologia por conta das dúvidas, dos questionamentos. Por se querer entender aquilo que não se sabia.
                Muitas pessoas não tem certeza se uma psicoterapia pode realmente lhes ajudar. Muitas pessoas nem ao menos a consideram digna de sua atenção, desvalorizando o que ela tem a oferecer. Mas, assim como o aventureiro no início desse texto, é necessário um pouco de coragem para se enfrentar uma psicoterapia, pois muita coisa aparece para ser lidada ali, numa poltrona em uma sala simples, com um divã azul ao lado, por exemplo. E não se engane! O monstro de sete cabeças não é o psicanalista ou o psicólogo clínico. Ele apenas faz o possível justamente para que este “monstro” ou “surpresa” se apresente em cena, como num roteiro de filme que inverte totalmente a linha do drama, apresentando um surpreendente desdobramento da história que até então não se esperava, como no Sexto Sentido. Ou ainda, para se perceber, assim como Alien, que o monstro estava dentro de si. Se existem dúvidas, nada que um aprofundamento em pesquisas não auxilie em obter algumas respostas sobre esta área, sobre iniciar um atendimento psicoterapêutico.  Depende de você tirar suas dúvidas.

                Para que serve a análise ou psicoterapia? Para se descobrir como lidar com os próprios monstros carregados no peito. Para se lidar com os sentimentos e as cargas de emoções. Para se perceber aquilo que foi esquecido por não se conseguir absorver o peso do terrível momento que se vivenciou e posso encontrar um novo sentido para aquilo. Para se descobrir que muitos monstros são apenas um bicho de estimação que fez parte de um percurso da sua história. E como isso tem valor! A psicoterapia lida com o querer entender aquilo que não se sabia de si mesmo.



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